27/04/2011

Produtores de Ostras dão aula na Universidade


Produtores no Salão Nobre do Instituto de Biologia da UFBA
No dia 25 de abril deste ano um grupo de ostreicultores, integrantes da Rede de Ostreicultores Familiares da Bahia, das comunidades de Graciosa e Taperoá esteve presente na Universidade Federal da Bahia com o objetivo de capacitar estudantes que desenvolverão trabalho de extensão nestas comunidades. O tema tratado foi a vida nas comunidades e seus principais problemas ambientais.

O Programa MarSol articulou a vinda dos produtores Robson e Luciano Vitor da comunidade de Graciosa, além de Jailton e José de Taperoá. O programa vem dialogando há algum tempo com estas e outras 11 comunidades do Baixo Sul Baiano, e atua hoje através do Projeto Semeie Ostras (financiado pelo Ministério da Pesca e Aquicultura) e da Atividade Curricular em Comunidade sobre Mapeamento Biorregional e Educação Popular Ambiental (disciplina multidisciplinar da UFBA).

José, Robson, Luciano e Jailton (só o chapéu)
 Uma das grandes questões levantadas pelos produtores foi qual a melhor forma de diálogo com as pessoas que causam danos ambientais a toda comunidade a partir do uso que faz do território. As duas comunidades tem a presença forte da atividade da pesca e mariscagem, em Taperoá há também muitos agricultores e em Graciosa muitas pessoas coletam dendê.

Alguns problemas são compartilhados entre as duas comunidades. Conflitos com as embarcações, principalmente as que transportam turistas, que derramam óleo diesel e desrespeitam pescadores e marisqueiras durante seu trabalho, além de causar danos ao mangue. As pequenas e médias indústrias de derivados do dendê também contribuem para a poluição do solo, do rio e do mangue, relações de trabalho cuja base principal é a exploração, diferente de processos tradicionais de produção chamado "rodão".

Em Graciosa há uma criação de porcos instalada em cima dos mangues, causando diversos conflitos entre a comunidade. Sobre Taperoá os produtores pontuaram a vinda de pescadores de outras comunidades, que mantém relações predatórias com o ambiente, muitas vezes por falta de conhecimento. Além da existência de um depósito de lixo de forma indevida na zona rural da cidade, próximo a uma comunidade de agricultores.

Os produtores de Graciosa ressaltaram sua identidade quilombola, a boa convivência entre a religião Evangélica e o Candomblé, ambas lideradas por mulheres. Sobre estas foi falada da sua dupla jornada de trabalho, o que impede sua participação nestes espaços. Outra questão que necessita de avanços.



Estudantes assistindo a aula no Salão Nobre do Instituto de Biologia

A aula terminou com um clima de troca pois os produtores solicitaram aos /as estudantes que manifestassem suas opniões e espectativas. Todos/as se mostraram abertos a aprender e ensinar em um processo de construção coletiva de saberes e transformações nestas comunidades, privilegiando o protagonismo das comunidades. O próximo passo é ir a campo e realizar as oficinas.

Texto: Maria Naiara (monitora)       Fotos: Miguel Accioly

1 comentários:

Júlia disse...

Essa foi uma atividade de singular importância para o nosso crescimento em conjunto com a comunidade. Obrigada a todos!

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