05/04/2011

1° atividade de intercâmbio da Rede de Ostreicultores da Bahia (Ilha da Banca 02/04/2011).



Com o objetivo de colocar em prática a primeira ação de intercâmbio estabelecida pela rede de ostreicultores da Bahia na última capacitação foi implantado na comunidade de Ilha da Banca, município de Jaguaripe-BA, um novo cultivo de ostra.
Existia no local um cultivo abandonado, fato que chamou a atenção de toda equipe técnica, portanto foi feita algumas ponderações e perguntas aos produtores:
Porque o cultivo foi abandonado?
E se acontecer o mesmo com o novo cultivo?
Qual o comprometimento dos produtores locais com esse empreendimento?
Essa última questão se tornou a chave para a implantação do cultivo, que depois das observações feitas se tornou incerta. A única produtora remanescente do último cultivo, Dona Maria, apontou os erros do cultivo; “O antigo grupo não tinha interesse em fazer o manejo do cultivo, e por um tempo fiz as atividades sozinha. Porém, no último ano não foi possível continuar por falta de saúde. Eu garanto que esse novo grupo tem comprometimento e disposição de fazer esse cultivo produzir.”
Estado em que se encontrava o cultivo abandonado

Produtores de cinco comunidades participaram do intercâmbio: Fátima, Cristina e Naná (Ponta Grossa) que foi a comunidade que disponibilizou as estacas para o novo cultivo; Nildo, Robson e Valmir (Graciosa); Jailton e Zé Filho (Taperoá); Fernando e Maria (Matarandiba) e Arlan (Batateira). Essa mobilização serviu como exemplo de comprometimento e ajuda mútua entre os ostreicultores da rede, que mobilizou ainda mais os produtores locais.
Primeiramente, o antigo cultivo passou por uma limpeza, onde todas as travessas foram retiradas já que estavam quebradas e sem nenhuma possibilidade de reaproveitamento, os travesseiros remanescentes foram levados à praia onde foi manejado posteriormente. No cultivo existiam duas estruturas montadas; uma de concreto e outra de ferro, as estacas de concreto foram mantidas com o intuito de reativar o antigo cultivo, já a estrutura de ferro foi retirada, pois algumas hastes de sustentação apresentavam corrosão e poderiam se tornar um perigo caso alguma parte da estrutura se rompesse. Assim, enquanto alguns produtores trabalhavam na limpeza os outros instalavam as novas estacas. A fixação foi feita atrás do antigo cultivo, entre o cultivo e o manguezal, dessa maneira o cultivo não atrapalha o acesso das marisqueiras ao mangue. Foram fixadas 16 estacas que triplicou o tamanho do cultivo, tomando como referência as estacas de concreto que existiam no local. As bases (travessas) de sustentação dos travesseiros foram feitas reaproveitando as barras de ferro da estrutura descartada, que foram cerradas e amarradas nas estacas. Por falta de material o cultivo não foi totalmente completado, mas os produtores locais se comprometeram em terminar de colocar as bases de sustentação dos travesseiros, intuitivamente essa ação servirá como ‘dever de casa’ da comunidade.
Nova mesa montada
 Alguns depoimentos de quem participou da atividade:
Robson: “Show de bola, isso evidencia o comprometimento da rede, e serve de exemplo para todos da rede que pode dar certo.” “Estou saindo com lucros, algo somou e multiplicou em minha vida e vou usar o que aprendi aqui no meu cultivo”.

Fernando: “Muito gratificante, essa é a primeira vez que participo ativamente de uma atividade desse tipo, vamos fazer o mesmo em Matarandiba.”

Zé Filho: “Achei ótimo, só não gostei do tamanho dos travesseiros, é muito grande.” Essa preocupação de Zé foi sanada por Fátima, que mostrou de que maneira os travesseiros são usados, menor do que ele tinha observado no cultivo.

Jailton: “Devemos fazer um catálogo das articulações com fotos e depoimentos, para mostrar o fortalecimento da rede, e posteriormente disponibilizar esse material nos pontos de comercialização.”
Pose para foto no fim do trabalho no mar
Fátima ensinando
Limpeza das ostras
Posteriormente, as ações se concentraram nos travesseiros do antigo cultivo que foram levados para terra. Todas as ostras que estavam dentro dos travesseiros estavam mortas e foram descartadas, mas algumas ostras estavam fixadas fora dos petrechos e se mantinham vivas. Enquanto alguns limpavam as ostras, outras pessoas confeccionavam novos travesseiros, essa ação resultou em dois travesseiros com duzentas ostras de tamanho médio (6 – 7cm) em cada travesseiro, quatro travesseiros com trezentas ostras de tamanho pequeno (3 – 6cm) em cada travesseiro, e um travesseiro com cento e oitenta ostras de tamanho pequeno (3 – 6cm), totalizando 1780 ostras.

Travesseiros povoados
No final, alguns produtores da comunidade de Ilha da Banca fizeram as seguintes declarações:

Montando os travesseiros
Almiro: “Gostei da força, minha galera da rede veio e estou muito feliz. Foi Zé Mário que me fez acreditar em tudo isso, eu estava desacreditado. Fátima disponibilizou todo o material, e sou muito grato por isso. Nildo se comprometeu a me dar 1000 ostras pra fazer um teste aqui, como a água aqui é salgada vamos ver como a ostra vai se desenvolver.”

Maria: “Agora tenho motivo para discutir, participar e perguntar nas reuniões da rede.”

Foi assim o início do novo cultivo da comunidade de Ilha da Banca, componente da Rede de Ostreicultores da Bahia.

Escrito por Joaquim Ramos Lessa Filho - Bolsista de Produção. Fotos Miguel Accioly

 

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